sábado, 20 de dezembro de 2008


BEETHOVEN ( II )


Assistimos, dias 16 e 19 de dezembro deste A.D. de 2008, na Igreja das Dores, a aparesentação de Natal da O.S.T., sob a regência de Aurélio Melo, coral e solistas. A 9ª Sinfonia de Beethoven (1º e 4º movimentos) foi executada. Preferí a estréia à segunda apresentação. Aliás, foi rematada loucura cantá-la quatro vezes no curto período de uma semana, pois a obra puxa muito pelo corpo coral e solistas.
Diante da complexidade da peça, fiquei positivamente surpreendido com os resultados obtidos, especialmente o grupo coral, que sustentou bravamente os trechos mais difíceis. O quarteto de solistas, porém, deixou muito a desejar, mormente onde cantam conjuntamente. Entre os compassos 830 e 842 da partitura usada, o quarteto quase comprometeu toda a performance, quando a soprano, Lúcia Alvino, em trecho ascendente, não atingiu o si 4, arrastando os companheiros de quarteto à desafinação. O trecho nos diz: "Alle Menschen werden Brüder, Wo dein sanfter Flügel weilt" (Todos os homens irmanam-se, lá onde resvala tua branda asa) . Além disso houve muita desigualdade de volume. Ouvia-se mais o soprano e o barítono (Aislan Leal). O tenor, José Ailton, no que pese a bela voz, pouco brilhou onde deveria brilhar. Quase não se ouviu a mezzo-soprano Luana Campos. O substituto de Aislan Leal, barítono Ananias Júnior, já no Recitativo inicial, nos brindou com uns "portamentos" (condução, deslizamento entre duas notas) inaceitáveis. Quarteto de vozes fraco, portanto.
A orquestra deve seus desencontros rítmicos, suas falhas de afinação e falta de brilho sonoro. (especialmente as cordas). O regente, finalmente, se desligou da partitura e olhou mais para seus comandados. As madeiras precisam "desentupir" alguns de seus instrumentos mas, em compensação, os metais foram bem. A percussão, em certos momentos, "cobriu" toda a massa sonora da orquestra com seus excessos.
Feita a crítica técnica, estritamente musical, construtiva, resta-nos elogiar a iniciativa, louvar os preparadores Débora Oliveira e Hilson Costa, a ousadia de José Reis - este batalhador em prol da cultura piauiense - , o esforço de toda a orquestra, regente e coral.
Certamente a 9ª de Beethoven, pelas suas dificuldades técnicas, só veio somar para o desenvolvimento musical dos que dela participaram, além de enriquecer a vida cultural de nossa cidade. Parabéns!

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