VOCIFERAR OU CANTAR?
A 1ª Igreja Batista de Teresina promoveu em 13 de novembro de 2010 o seu II Encontro de Coros. Iniciativa extremamente louvável da Igreja e de seu Pr. Gilvan Barbosa. Teresina tem se desenvolvido muito neste setor com vários corais sendo criados em escolas, igrejas e empresas, estimulando a arte vocal e gerando fortes laços de companheirismo e responsabilidade grupal entre seus componentes.
Cantar em grupo é manter a mais absoluta disciplina. Salvo quando há solistas, não há individualismos no canto Coral. Todos devem primar pela perfeita sincronia entre as vozes, atendendo religiosamente às intervenções gestuais e interpretativas do Regente.
Aí, entretanto, está o nó górdio da questão: a preparação insuficiente e inadequada dos regentes, transmitindo aos incautos coralistas toda sorte de defeitos e vícios que transformam uma simples peça musical numa sucessão torturante de desencontros e desencanto. A preparação de um verdadeiro Regente Coral inclui além do domínio completo das linguagens musical e gestual, conhecimento vasto de História Geral, História da Arte, e solidez de saberes sobre estilos, técnica vocal etc. Cultura geral, portanto, é imprescindível para um convincente desempenho musical do Regente e de seu grupo, e essencial para a interpretação correta das músicas.
O Coral Jovem da Igreja Batista de Codó, MA, sob a direção de Francisco Leal foi um horror! Vociferantes, os coristas berravam desordenadamente, concorrendo ente si na desigualdade de intensidades e afinação, com vozes esganiçadas e supremamente desagradáveis. Somente a tolerância de um Deus para perdoar tal descalabro musical. Culpa da ignorância e despreparo completo do sr. regente.
O nível mudou radicalmente quando da apresentação do Madrigal Contraponto e do Coral da Assembléia de Deus , trabalhados e regidos por Jeonai Batista. Rapaz estudioso, bom instrumentista, é um dos felizes herdeiros do competentíssimo trabalho desenvolvido pelo Prof.Dr. Vladimir Silva, quando à frente do magnífico Madrigal da UFPI. Aliás, o Madrigal Contraponto é integrado por remanescentes do coral de Vladimir. Vozes bem colocadas, dinâmica correta, encantou-me ouvir a difícil "Chant des oiseaux" de Clement Jenequin. O Coral Jubilai está em bom caminho. Gostei especialmente da peça "Calma, mansa, serena", em adaptação minha, do excelente grupo Adventista "Arautos do Rei". Muito tem a melhorar o coral da própria Igreja Batista, promotora do evento.
De qualquer modo parabéns pela iniciativa. Que outros encontros aconteçam e que outros Jeonai surjam no cenário da música coral de Teresina, para a satisfação e felicidade dos ouvidos sensíveis...!